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Todo mundo tem uma história pra
contar. Seja de um drama bem particular que se tornou público, ou seja, só de
um pedaço do seu universo. Tem gente que fica doente, que perde pessoas, que vê
as pessoa adoecerem, que vê a vida simplesmente desabar, enfim, tem que cuidar, lutar, sobreviver. Fazer
malabarismos pra contar a felicidade. E do mesmo modo, há o oposto – aqueles que por sorte,
ou sei-lá-o-que, sentem-se donos do mundo e faz/tem quase certeza que a vida
segue o plano deles.
Faz algum tempo que ensaio como
contar essa história...
Há exatos cinco anos, um desses
problemas que acontecem e criam o efeito dominó ocorreu. E sobre muitas
expectativas o não tão esperado ocorreu.
Quando somos mais novos criamos,
fantasiamos como crianças de que nossos pais são nossos herois e que nada no
mundo pode abalá-los. E vamos, crescendo enxergando defeitos, e vendo que os
superherois têm fraquezas, como em toda história.
Meu pai foi diagnosticado com um
tumor benigno no cérebro. Era ano de vestibular e a cabeça voava. E tudo isso
foi só o inicio. Então, ele viajou para outro estado pra realizar a
cirurgia e sabe a exceção, a margem de erro das sequelas? Pois, bem. Fomos os
sorteados. E desde então, passamos por muitos resultados, diagnósticos e
tratamentos de recuperação na tríade fisioterapia, terapia ocupacional e
fonoaudiologia.
Ensaio sempre como contar essa
história, mas não tem ensaio porque não tem como mudar os fatos. Há exatos
cinco anos, muita coisa mudou em 12 horas. Foi o dia mais longo do mundo. Ahh,
como ficou tão claro o que era a relatividade do tempo e que cada segundo era muito mais demorado do que deveria ser.
Mas, foi também o dia da segunda
chance - recomeço. O ano de 2007, foi assim e as mudanças continuaram nos tempos
seguintes. Entre tragédias e amenidades a vida foi tomando seu curso. E algumas
vezes, era tão difícil de falar, explicar, entender. Que hoje, parece mais
dimensionado, mas sereno. Porque dia
após dia fomos redescobrindo o jeito de ser família.
E entre tantas idas e vindas de
hospitais, clínicas, médicos, a vida foi se acalmando, buscando uma
normalidade, uma rotina planejada, um ritmo, uma concentração.
E o curso da vida passou a ter
seu próprio tempo, que nem sempre (quase nunca), obedece a nossa urgência e o
nosso planejamento.
E eu agradeço pela nova chance –
mesmo sendo tão complexa administrá-la.
Continuamos com boas histórias,
com risos, alegrias e dificuldades. Mas, aprendemos tão bem: o tempo passa.