terça-feira, 31 de janeiro de 2012

31/01/2012


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Todo mundo tem uma história pra contar. Seja de um drama bem particular que se tornou público, ou seja, só de um pedaço do seu universo. Tem gente que fica doente, que perde pessoas, que vê as pessoa adoecerem, que vê a vida simplesmente desabar, enfim, tem que cuidar, lutar, sobreviver. Fazer malabarismos pra contar a felicidade. E do mesmo modo, há o oposto – aqueles que por sorte, ou sei-lá-o-que, sentem-se donos do mundo e faz/tem quase certeza que a vida segue o plano deles.
Faz algum tempo que ensaio como contar essa história...
Há exatos cinco anos, um desses problemas que acontecem e criam o efeito dominó ocorreu. E sobre muitas expectativas o não tão esperado ocorreu.
Quando somos mais novos criamos, fantasiamos como crianças de que nossos pais são nossos herois e que nada no mundo pode abalá-los. E vamos, crescendo enxergando defeitos, e vendo que os superherois têm fraquezas, como em toda história.
Meu pai foi diagnosticado com um tumor benigno no cérebro. Era ano de vestibular e a cabeça voava. E tudo isso foi só o inicio. Então, ele viajou para outro estado pra realizar a cirurgia e sabe a exceção, a margem de erro das sequelas? Pois, bem. Fomos os sorteados. E desde então, passamos por muitos resultados, diagnósticos e tratamentos de recuperação na tríade fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia.
Ensaio sempre como contar essa história, mas não tem ensaio porque não tem como mudar os fatos. Há exatos cinco anos, muita coisa mudou em 12 horas. Foi o dia mais longo do mundo. Ahh, como ficou tão claro o que era a relatividade do tempo e que cada segundo era muito mais demorado do que deveria ser. 
Mas, foi também o dia da segunda chance - recomeço. O ano de 2007, foi assim e as mudanças continuaram nos tempos seguintes. Entre tragédias e amenidades a vida foi tomando seu curso. E algumas vezes, era tão difícil de falar, explicar, entender. Que hoje, parece mais dimensionado, mas sereno.  Porque dia após dia fomos redescobrindo o jeito de ser família.
E entre tantas idas e vindas de hospitais, clínicas, médicos, a vida foi se acalmando, buscando uma normalidade, uma rotina planejada, um ritmo, uma concentração.
E o curso da vida passou a ter seu próprio tempo, que nem sempre (quase nunca), obedece a nossa urgência e o nosso planejamento.
E eu agradeço pela nova chance – mesmo sendo tão complexa administrá-la.
Continuamos com boas histórias, com risos, alegrias e dificuldades. Mas, aprendemos tão bem: o tempo passa.